sábado, 28 de novembro de 2015

Intolerância religiosa: ineficiência da Lei x Politicagem



     Nós das religiões Afro-brasileiras (RAB), vivemos atualmente momentos de grande tensão e preocupação. 
Já há alguns anos temos assistido o crescimento de uma corrente religiosa que estimula a intolerância e a perseguição aos nossos adeptos.  
Vimos, com profunda preocupação o surgimento de grupos paramilitares, com o intuito de disseminar mais perseguição e mais violência entre os religiosos.  
E, como esperávamos, a onda de violência foi crescendo, e nós fomos absorvendo, suportando, tolerando. 
Nos últimos anos, nossas lideranças começaram a reagir. A Lei (*) parecia nos proteger, mas ela tem se mostrado insuficiente para reprimir esta onda de perseguição aos nossos Templos e religiosos. O noticiário tem mostrado quase que diariamente, atos de agressão aos nossos fiéis, aos nossos Terreiros/Roças/Templos, e à nossa Fé. Sem motivos, desmedidamente, agridem, destroem e matam. 
Desta vez, foi nossa querida Mãe Baiana, que teve seu terreiro de Candomblé Axé Oyá Bagan incendiado em Brasília, uma das mais tradicionais casas de Candomblé de Brasília.

Segundo a Unegro:

  • "Uma das mais tradicionais casas de candomblé de Brasília, o terreiro de Mãe Baiana já havia sofrido atos de violência anteriormente, se somando a dezenas de agressões a tiros, fogo e intimidações, que outros terreiros de candomblé e de umbanda sofrem no Distrito Federal e entorno." http://pcdobdf.blog.br/2015/11/27/unegro-repudia-violencia-e-se-solidariza-com-as-religioes-de-matriz-africana
Incêndio Terreiro Mãe Baiana - Brasília/DF
     O Ilê Axé Oyá Bagan está recebendo neste momento a visita do Governador do Distrito Federal Rodrigo Rollemberg, acompanhado do Secretário de Estado de Cultura do Distrito Federal Guilherme Reis e de seu staff da Secretaria de Segurança Pública. 
     Mas, sempre que político vem tirar foto, parece que apenas se aproveita da desgraça alheia para conseguir algum apoio ou benefício. Será diferente desta vez?


" Visitei o Templo Axé Oyá Bagan (Casa da Mãe Baiana), de religião de matriz africana, no Paranoá. Reiterei minha solidariedade e a do governo em relação ao incêndio ocorrido na madrugada de ontem.
Diante deste triste episódio, determinei ao diretor-geral da Polícia Civil, Eric Seba, que crie uma delegacia especializada em crimes de racismo e intolerância religiosa. As investigações sobre as causas do incêndio e a identificação dos responsáveis serão tratadas como prioridade pelo nosso governo. A previsão é de que o laudo da perícia saia em até 30 dias.
Não podemos admitir que, na capital da República, tenhamos demonstrações dessa natureza. Vamos trabalhar sempre para garantir direito legal à diversidade cultural e religiosa e combater toda a forma de intolerância e discriminação.Gov." (Gov. Rodrigo Rollember)
     Vivemos no Brasil, conhecido internacionalmente por sua miscigenação e sua religiosidade rica e diversa. Temos nossos problemas, e muita luta ainda por acontecer. A maior delas agora é parar essa onda de violência que nos atinge. Todos olham os telejornais e se apiedam com o sofrimento da Europa, do Oriente Médio, e da África. Mas, poucos se preocupam em mostram como sofremos e como esta onda de intolerância tem varrido nossos cotidianos, ameaçando nosso povo e nossas manifestações culturais e religiosas. O extremismo religioso no Brasil não é diferente daquele que ocorre no Oriente Médio.  
  Até quando fingiremos que vivemos em uma democracia de Lei e de Direito? Até quando preferiremos o lado Poliana da vida, fingindo que tudo é um paraíso e que nunca, nada de ruim irá nos atingir? Hoje, somos nós. Amanhã, poderá ser o catolicismo, ou qualquer outra vertente religiosa que decidam agredir.
    Distraídos? Omissos? Eu diria que somos inconsequentes. 
   Só temos uma solução, defender a aplicabilidade da Lei para todos, afim de garantir que nunca, nenhum de nós, sejamos agredidos por extremistas religiosos.      

(*) 
Artigo V, Inciso VI da Constituição Federal de 1988:
É inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e suas liturgias.
Código Penal, em seu artigo 208, estabelece como conduta criminosa, “escarnecer de alguém publicamente, por motivo de crença ou função religiosa; impedir ou perturbar cerimônia ou prática de culto religioso; vilipendiar publicamente ato ou objeto de culto religioso”.

Para maiores informações:

http://www.correiobraziliense.com.br/app/noticia/cidades/2015/11/27/interna_cidadesdf,508394/incendio-e-o-quinto-envolvendo-religioes-africanas-desde-agosto.shtml


http://www.revistaforum.com.br/blog/2015/11/terreiro-de-candomble-e-incendiado-no-df/

https://www.facebook.com/pcdobdf/photos/a.1409909235905077.1073741828.1409608442601823/1731605883735409/?type=3&theater

https://www.facebook.com/ErikaKokay/photos/a.279647418726486.72035.257453204279241/1066487370042483/?type=3&theater


https://www.facebook.com/direitoshumanosbrasil/photos/a.166798690068176.42983.165500080198037/942676549147049/?type=3&theater


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