quarta-feira, 4 de maio de 2011

TDAH: Droga para deficit de atenção tem uso excessivo, diz estudo

Pesquisa com 6.000 jovens no Brasil aponta que a maioria dos usuários desse medicamento teve diagnóstico errado
Venda do remédio no país subiu 1.500% em 8 anos; efeitos colaterais incluem taquicardia e perda do apetite
Quase 75% das crianças e dos adolescentes brasileiros que tomam remédios para deficit de atenção não tiveram diagnóstico correto.
O dado é de um estudo de psiquiatras e neurologistas da USP, Unicamp, do Instituto Glia de pesquisa em neurociência e do Albert Einstein College of Medicine (EUA), que será apresentado no 3º Congresso Mundial de TDAH (transtorno de deficit de atenção e hiperatividade), no fim do mês, na Alemanha. Reportagem de Patrícia Britto, na Folha de S.Paulo.
A pesquisa colheu dados de 5.961 jovens, de 4 a 18 anos, em 16 Estados do Brasil e no Distrito Federal.
Os autores aplicaram questionários em pais e professores para identificar a ocorrência do transtorno, tendo como base os critérios do DSM-4 (manual americano de diagnóstico em psiquiatria).
As informações foram comparadas aos relatos dos pais sobre o diagnóstico que seus filhos receberam de outros profissionais, antes do período das entrevistas.
Só 23,7% das 459 crianças que haviam sido diagnosticadas com deficit de atenção realmente tinham o transtorno, segundo os critérios do manual. Das 128 que tomavam remédios para tratá-lo, só 27,3% tinham o problema, segundo os pesquisadores.
“Isso mostra que há muitos médicos prescrevendo o remédio, mas que não conhecem bem o problema”, diz o neurologista Marco Antônio Arruda, coautor do estudo e diretor do Instituto Glia.
O remédio usado para tratar o transtorno é o metilfenidato, princípio ativo da Ritalina e do Concerta. A substância é da família das anfetaminas e age sobre o sistema nervoso central, aumentando a capacidade de concentração.
Entre os efeitos colaterais causados pela droga estão taquicardia, perda do apetite e o desenvolvimento de quadro bipolar ou psicótico em pessoas com predisposição.
Guilherme Polanczyk, psiquiatra da USP, relativiza a conclusão do estudo. “Muitas das crianças avaliadas podem estar sem sintomas por conta do uso dos remédios.”

EcoDebate, 04/05/2011
Nota do EcoDebate: sobre o TDAH sugerimos que também leiam:

Um comentário:

Lia de Paula Moraes disse...

Sou psicóloga aposentada do Ministério da Saúde e tenho um filho hiperativo. Da junção da vivência pessoal com a experiência profissional escrevi o livro infantil JOÃO AGITADÃO, ed. Caravansarai, que ajuda a elevar a autoestima das crianças com TDAH.
Destina-se principalmente à faixa etária de 4 a 7 anos.

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